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Com cerca de 1 bilhão e 200 milhões de fumantes no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de problemas relacionados ao tabagismo são sempre superlativos: 4,9 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência do cigarro e o uso do tabaco é sozinho a maior causa de doenças evitáveis e de mortes prematuras em países desenvolvidos. Diante desses fatos, desde 1997, quando foi inserido na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da OMS, na categoria de transtornos mentais, a medicina deixou de encarar o tabagismo como um hábito, e passou a tratá-lo como uma patologia.
“O tabagismo não é só um fator de risco para outras doenças. O paciente não se livra deste hábito de forma simples, pois fumar é uma dependência química [tipo de transtorno mental]: não se fala em ex-tabagista, mas, sim, em fumante em abstinência”, explica a professora do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Ana Rocha. Ela é autora de um estudo sobre métodos para cessação do fumo apresentado no 21.º Congresso Anual da Sociedade Respiratória Europeia, em Amsterdã.
A preocupação com problemas decorrentes do cigarro, principalmente a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), foi a grande tônica do evento que reuniu, em setembro, mais de 15 mil médicos de todo o mundo na Holanda. Sexta causa de morte no mundo, a DPOC compromete de forma irreversível os pulmões, a capacidade respiratória de fumantes e é capaz de incapacitar o paciente. O organismo costuma dar os primeiros sinais da doença após 30 anos de uso diário de cigarro e de exposição do pulmão à fumaça tóxica.
“A DPOC é um espelho dos hábitos do passado, quando as pessoas fumavam mais, por isso sua prevalência e mortalidade são tão altas hoje. O uso de tabaco tem diminuído lentamente, assim, no futuro, a incidência da doença deve cair”, explica o pesquisador da Universidade Uppsala, da Suécia, Bjorn Stallberg, que há 15 anos se dedica ao estudo da doença e ministrou um curso de especialização sobre DPOC em Amsterdã.
Apesar do otimismo de Stallberg, a diminuição de casos da doença não deve acontecer no curto prazo: em 20 anos, a OMS prevê que a DPOC irá se tornar a terceira maior causa de mortes no mundo. Hoje ela afeta 210 milhões de pessoas.
No Brasil, 80% dos homens e 60% das mulheres que morrem devido a doenças crônicas respiratórias são tabagistas. A DPOC afeta 7 milhões de pessoas no país, mas apenas 300 mil casos são diagnosticados. Um estudos da Escola de Saúde Pública de Harvard mostrou, ainda, que o impacto da DPOC na economia global foi de US$ 400 bilhões só em 2010.
O presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Roberto Stirbulov, lembra também que o cigarro não prejudica somente o sistema respiratório: “Todo o organismo sofre com o tabagismo: ele prejudica o cérebro, os ossos, o sistema digestivo, vascular e urinário”.
Fonte: Saúde Plena