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Para os médicos, a medida é importante, mas a redução do número de fumantes ainda depende de pelo menos mais uma decisão. “Essa foi uma vitória importante, mas não é motivo de comemoração porque a Anvisa só fez sua obrigação, que é cuidar da saúde pública, e ainda manteve a adição de açúcar nos cigarros, um tema que igualmente preocupa os médicos”, diz Marcos Nascimento, professor do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
A preocupação se baseia em uma série de estudos que associam a inalação do açúcar queimado, dispersado pela fumaça do cigarro, a um aumento nos casos de câncer entre fumantes. Isso porque, quando se queima o cigarro, os níveis de liberação de calor chegam a 800 a até 1.000 graus Celsius. Nessa temperatura, o açúcar se torna aldeído, uma substância que provoca dependência e está associada a danos sérios na estrutura das células, principalmente lesões hepáticas e vários tipos de câncer.
O fato de a substância ser consumida em forma de fumaça ainda rende outras complicações. “Tanto o fumante quanto as pessoas em volta acabam ingerindo pelas vias aéreas uma bomba de radicais livres, que vão acelerando o processo de oxidação do organismo. Entre as consequências, estão desde o aspecto da pele, que passa a ser seca e enrugada, até o risco de desenvolver neoplasias.”
As entidades médicas devem se mobilizar em breve para pedir a retirada das taxas de açúcar do cigarro, assim como fizeram com os saborizantes e aromatizantes. “O açúcar pode até parecer inofensivo, mas se torna agressivo e perigoso quando combinado com o cigarro, e a população precisa ser alertada”, diz o coordenador da Comissão de Combate ao Tabagismo da Associação Médica Brasileira, Antonio Pedro Mirra.
Outro problema é o aumento da dependência. “Acrescentado ao cigarro, o açúcar tira o sabor amargo, característico da folha de tabaco depois de processada, e deixa o vício literalmente mais gostoso. Com isso, a pessoa fuma cada vez mais, ampliando sua dependência e os danos ao organismo.”
Fonte: Gazeta do Povo